SERVIR

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terça-feira, 8 de março de 2011

Formação - Possivel preparação para a Santa Missa

Escrito por Michel Pagiossi  

Possível preparação para a Santa Missa


Caríssimos irmãos e irmãs, em Cristo!
Hoje trazemos uma ideia de nosso novo colaborador, Valdeci, como uma preparação particular que pode ser realizada pelo sacerdote e os ministros na sacristia baseado nas “Orações ao pé do Altar” da “Forma Extraordinária do Rito Romano”. Maiores informações abaixo.
A pequena apostila traz essa ideia e a forma de realiza-la e pode ser citada e distruibuida a vontade.
Claro, é uma sugestão.
Você pode baixa-la clicando no link abaixo:

Formação - Apostila de formação litúrgica

Apostila de formação litúrgica


Caríssimos irmãos e irmãs, em Cristo!
Hoje trazemos uma importante apostila de nosso novo colaborador, Valdeci, tratando de uma das questões mais importantes do momento: “Reforma da Reforma” e Hermeneutica da Continuidade. Maiores informações abaixo.
A Apostila reúne importantes artigos sobre os temas citados e pode ser citada e distruibuida a vontade.
Você pode baixa-la clicando no link abaixo:

Formação - O lugar da Liturgia na realidade

Espírito da Liturgia – O lugar da Liturgia na realidade


“Hoje, meus queridos irmãos, nosso colaborador Douglas traz-nos uma importante reflexão sobre o lugar da Liturgia em nossa realidade (ML)”

O que é, no fundo, a Liturgia? O que acontece nela? Que espécie de realidade encontramos aí?
Bem... neste capítulo, o então Cardeal Joseph Ratzinger começa expondo uma visão proposta para a Liturgia por volta de 1920 e a real visão da Liturgia. Na época, propôs-se que a Liturgia fosse entendida como um jogo, o qual tem suas regras e cria um mundo particular que se finda ao término da brincadeira. Algo nessa teoria do jogo é capaz de nos aproximar da real natureza da Liturgia: “A brincadeira das crianças surge, em muitos aspectos, como uma espécie de antecipação da vida, como um ensaio para a vida que se segue, sem envolver o seu peso e a sua seriedade. É como se a Liturgia nos levasse a ficar crianças, perante a vida da qual nos aproximamos; a Liturgia seria então um modo de antecipação completamente diferente, de pré-ensaio: um prelúdio da futura e da eterna vida a qual, como expõe Agostinho, não é, ao contrário da nossa vida presente, tecida de necessidade e obrigatoriedade, mas sim inteiramente da liberdade de oferecer e dar. A Liturgia seria então o ressuscitar da autêntica criança dentro de nós, da abertura para a ainda ausente grandeza , certamente ainda não cumprida com a vida adulta; ela seria uma forma modelada da esperança(...).”
 “Tal inversão da teoria do jogo diferencia, essencialmente, a Liturgia da brincadeira vulgar, que contém sempre as saudades tanto de um verdadeiro como daquela parte inteiramente diferente de um mundo onde a ordem e a liberdade estão unidas; perante as aparências e conveniências, perante a futilidade humana da brincadeira vulgar, a Liturgia deixa sobressair o lado especial e diferente do de sapiência de que fala a Bíblia e o que a seguir pode ser relacionado com a Liturgia. Mas, ainda nos falta um conteúdo substancial deste projeto pois, por enquanto, o pensar na vida futura aparece simplesmente como um postulado vago, não havendo ainda nada de definido na nossa visão de Deus, sem a qual a não seria mais do que um deserto.”
A partir exatamente daí, o então Cardeal diz querer fazer mais uma tentativa, partindo desta vez do concreto dos textos bíblicos. E é aí onde, a meu ver, neste capítulo mais se revela como o extraordinário sábio que é.
Partindo dos relatos preliminares da partida de Israel do Egito e seu decorrer distingue duas finalidades ao Êxodo: “alcançar a terra prometida”, “para servir no deserto”. A primeira já estamos cansados de ouvir nas Missas. A segunda é surpreendente e nos coloca dentro profundamente do mistério litúrgico.
“A ordem original de Deus para o Faraó é a seguinte: ‘Deixa partir meu povo para que me sirva no deserto!’ (Ex 7,16). Estas palavras ‘Deixa partir meu povo para que possa me servir!’ repetem-se quatro vezes com pequenas variantes, ou seja, em todos os encontros entre o Faraó e Moisés-Aarão (Ex 7,26; 9,1; 9,13; 10,3). A finalidade torna-se mais concreta nas negociações com o Faraó.”
O Faraó, então começa a dar determinadas liberdades todas recusadas por Moisés.
Para o Faraó, o ponto de disputa é a liberdade de culto dos Israelitas.
Para Moisés, o ponto de disputa é outro: preciso prestar culto ao meu Deus da forma que Ele quer que eu preste. Por isso Moisés se recusa a todas as negociações.
“(...) Moisés não pode negociar o modo do culto com o governante estrangeiro, nem pode colocar o culto sob a forma de compromissos políticos: o modo de culto não é uma questão do politicamente atingível; o culto inclui a sua própria medida, o que significa que apenas a medida do apocalipse ou de Deus podem ordená-lo. (...) Em todas as negociações o essencial não é a Terra Prometida: o único objetivo do Êxodo parece ser a adoração, que só pode acontecer à medida de Deus, encontrando-se por essa razão fora das regras de jogo do compromisso político.
Israel parte, não pra ser um povo como outro qualquer, mas sim para servir a Deus. A meta de partida é a montanha de Deus, ainda desconhecida, e o objetivo é servir a Deus.”
Muitos protestam dizendo que a natureza do Êxodo é puramente tática, uma negociação com o Faraó para dar a eles um pedaço de terra que seria por direito devido à promessa a Abraão. Diz então, Ratzinger: “a contraposição da terra e do culto não tem sentido: a terra é oferecida para ser um lugar de veneração de Deus verdadeiro. A mera posse de terra e autonomia nacional iria degradar Israel ao nível dos outros povos.”
Exorta-nos ainda que uma leitura mais atenta do texto bíblico permite-nos uma definição ainda mais precisa da relação das duas finalidades da partida: “Apesar de não ter sido após três dias (como havia sido anunciado na conversa com o Faraó), mas passado três meses, que Israel veio a saber que espécie de sacrifício Deus pretenderia (...). No terceiro dia então, acontece a decida de Deus ao cume do monte (Ex 19, 16.20). Aí, Deus fala ao povo, proclamando a sua vontade nas dez palavras santas (20, 1-17) e conclui a aliança através de Moisés (Ex 24), numa forma de culto minuciosamente ordenada.”
“O culto, que é a Liturgia no sentido próprio, faz parte dessa veneração, mas, além dele, a vida segundo a vontade de Deus também faz parte dela, sendo a vida a parte imprescindível da adoração correta. ‘A glória de Deus é o Homem vivo; porém, a vida do Homem significa olhar a Deus’, diz Santo Irineu (Adv. Haer IV 20,7)”.
Daí o resultado do culto no monte Sinai ser a lei que rege a vida do homem sendo a verdadeira adoração a Deus, o Homem na sua maneira de viver correta. O culto é, pois, a ferramenta de transmissão desse “olhar para Deus”, concedendo assim uma vida que honre a Deus.
No monte Sinai, o povo obtém não só as instruções de culto, como também uma lei e normas de condutas amplas. O ordenamento da Aliança do Sinai contém três aspectos importantes: culto, lei e moralidade. Lei não fundamentada moralmente torna-se ilegítima; moral e lei que não tenham suas origens no olhar a Deus degradam o Homem; negam-lhe a liberdade em oferta da anarquia, sua paródia; deixam-no sujeito à ditadura das maiorias, a casuais normas humanas que obrigatoriamente violar-lhe-ão.
Esta outra conclusão, remete-nos ao ponto de partida, quando perguntamos a respeito da natureza da Liturgia: “uma ordem das coisas humanas que desconhece a Deus diminui o Homem. Por isso, finalmente, o culto e a lei não se podem separar por completo. Deus tem o direito a receber uma resposta dos Homens, tem direito ao próprio Homem e, onde esse direito de Deus se perde, dissolve-se também a jurisprudência dos Homens, porque lhe falta o marco que aglutina tudo.”
Esta compreensão ainda se estende: “a adoração, que é o modo correto do culto e da relação com Deus, é constitutiva para a existência certa do Homem no mundo, precisamente por que vai para além do quotidiano, fazendo-nos participar no modo de existir no ‘céu’ do mundo de Deus, deixando assim entrar a luz do mundo divino no nosso”.
Uma das principais causas da ojeriza de muitas pessoas com respeito à Nova Missa são os abusos litúrgicos e mesmo doutrinas que nela ocorrem, confundindo-se com o próprio rito da Missa. Quanto a isso, são necessárias algumas considerações.
Oras, a Missa é um culto a Deus, adoração a Deus que não se separa, como vimos, da lei e da moral. Um padre que faça ou permite que façam em “sua Missa” algo que contrarie o que está proposto pela lei faz como outrora fez o sumo sacerdote Aarão ao prestar culto ao novilho de ouro. “Nenhuma outra história nos expõe tão dramaticamente os fatos”.
Explica-nos Ratzinger:
“Aparentemente tudo está em ordem e provavelmente também o rito corresponde às regras. Mas, apesar disso, trata-se aqui de um abandono de Deus para servir a um deus pagão. Esta queda, que de início quase não era perceptível exteriormente, foi causada por dois fatores. Em primeiro lugar, a infração das imagens: o Homem não agüente Deus invisível, remoto e misterioso. Ele trá-lo-á de cima para baixo, para a sua terra, para o que é visível e compreensível. Assim, o culto deixa de ser uma aproximação de Deus, puxando-o de cima para o próprio território: Ele há de estar presente quando necessário e sempre que nos é conveniente. Na verdade o Homem tira proveito de Deus, sobrepondo-se, desta maneira não perceptível, por cima dele. Isso alude ao segundo fator: esse culto é um culto do nosso próprio mandatário. Quando Moisés se ausenta demasiado, tornando Deus inacessível, então os homens vão buscá-lo. Este culto torna-se uma celebração da comunidade para com ela própria;  ele é uma auto-afirmação. A adoração de Deus torna-se rodopio em volta de si próprio: o comer, o beber, o divertir-se. A dança em volta do bezerro de ouro é a imagem do culto à procura de si, tornando-se uma espécie de auto-satisfação frívola. A história do bezerro de ouro alerta para um culto autocrático e egoísta em que, no fundo, não se faz questão de Deus mas sim em criar um pequeno mundo alternativo por conta própria. Aí, então, é que a Liturgia se torna em mera brincadeira. Ou pior: ela significa o abandono do Deus verdadeiro, disfarçado debaixo de um tampo sacro. Mas, assim, o que resta no fim é a frustração, a sensação do vazio. Já não se faz sentir aquela experiência de liberdade, que acontece em todo o lado onde haja encontro com Deus vivo”.
Nesta mesma linha, a respeito de abusos e escândalos na Igreja em geral, nos ensina o Papa São Pio X: “Como é impossível que os escândalos cessem no mundo, dado o orgulho da inteligência ou a corrupção dos corações, vós encontrareis, e infelizmente com muita freqüência, esse novo tipo de apóstolos. Necesse est (é necessário), disse Cristo, ut veniant scandala (que venham os escândalos), e Deus o permite e o tolera para provar q fidelidade e a constância dos justos. Mas, diante desses escândalos tão dolorosos, não enfraqueçais, não vos desencorajeis, mas lamentando esses pobres cegos que, na sua ignorância ou sua perversidade, e se achando muito sábios, stulti facti sunt (são estúpidos artificiais), e rezando por eles, a fim de que o Senhor os esclareça e faça voltar ao redil erradamente abandonado, sêde, vós, fortes e fiéis às vossas promessas...” (Alocução Cum vera Soddisfazione, 10/05/1909).
Escrevia assim, a respeito o venerável Papa João Paulo II: “Não é permitido a ninguém, mesmo ao sacerdote, nem a um grupo qualquer, acrescentar [à liturgia], retirar ou mudar o qu quer que seja, por sua própria conta. A fidelidade aos ritos e aos textos autênticos da Liturgia é uma exigência da ‘lex orandi’, que deve sempre estar conforme à ‘lex credendi’. A falta de fidelidade neste ponto pode até tocar a validade dos sacramentos”. Adiante, ele deplora novamente que alguns “promoveram inovações fantasiosas, tomando distância com relação às normas estabelecidas pela autoridade da Sé Apostólica ou pelos Bispos, perturbam a unidade da fé... Constatam-se às vezes omissões ou acréscimos ilícitos, ritos inventados fora das normas estabelecidas, atitudes ou cantos que não favorecem a fé ou o sentido do sagrado, abusos na prática da absolvição coletiva, confusões entre o sacerdócio ministerial, ligado a Ordenação, e o sacerdócio comum dos fiéis, que tem seu fundamento no batismo. Não se pode tolerar que certos padres se arroguem o direito de compor orações eucarísticas ou de substituir textos da Sagrada Escritura por textos profanos. Iniciativas deste gênero, longe de estarem ligadas à reforma litúrgica em si mesma, ou aos livros dela oriundos, a contradizem diretamente, a desfiguram e privam o povo cristão das riquezas autênticas da liturgia da Igreja”.
O que fazer então diante da calamidade em que vivemos em nossos dias?
Meu amigo e prior, D. Bento, aconselhou-me:
Rezemos por esses Sacerdotes para que compreendam a verdadeira grandeza do culto Eucarístico, e não reduzam ele a um mero joguinho auto-promocional. Para que sejam santos sacerdotes, exímios pastores e não show-starters de um escândalo.
Que Cristo, nosso Senhor, nos ilumine a todos e nos dê forças para também nós um dia compreendamos.
In Xto.
Fontes:
·                    Introdução ao Espírito da Liturgia, Joseph  Ratzinger;
·                    Considerações sobre as formas do Rito Romano da Santa Missa, D. Fernando A. Rifan;